sábado, 19 de março de 2011

Análise urbana da Zona Sudeste de Teresina

Este trabalho é uma parte do estudo de análise do espaço urbano, feito na disciplina de Urbana I da UFPI.
Autores:
Roneide Sousa
Luciana Pinho
Maria francisca
Diana Carvalho

BREVE HISTÓRICO
A zona sudeste surgiu na década de 1970, como área de fazendas começando a ser modificada pela ação do Estado que atuou como agente transformador do espaço através da construção de conjuntos habitacionais. O objetivo era a realocação das pessoas menos abastadas de áreas centrais de Teresina (Centro e Zona Leste) para as regiões periféricas.
Segundo Corrêa (1995), estas regiões se referem a áreas do entorno do núcleo central e que têm como características principais, o uso semi-intensivo do solo, ampla escala horizontal, limitado crescimento horizontal, área residencial de baixo status social. Como exemplo pode-se citar o Bairro Itararé na região sudeste de Teresina que foi o primeiro produto da ação do Estado, construído em uma faixa de terra conhecida inicialmente por todos como parte da zona leste, (Lei Nº 2.960/2000), só posteriormente denominada de Zona Sudeste. (fig. 01). Em homenagem ao ex-governador e Senador Dirceu Mendes Arcoverde os conjuntos habitacionais Itararé I e II a pedido da população passaram a ser denominados de Dirceu Arcoverde.

O bairro ocupa uma área que pertencia à Fazenda Itararé, de Pedro de Almendra Freitas, daí seu nome (a sede desta fazenda localizava-se na área do atual bairro São João - Eldorado Country Clube). A palavra Itararé, de origem tupi, significa curso subterrâneo das águas dum rio através de rochas calcárias. O bairro abrange, ainda, terras pertencentes ao Sítio São Raimundo Nonato, de José Camilo da Silveira. Após a construção do conjunto Dirceu Arcoverde (I, em 1977, e II, em 1980) da COHAB, tornou-se o bairro mais populoso de Teresina. (TERESINA: SEMPLAN, 2009).
As principais características do Bairro na época eram:
No lugar não havia energia elétrica, nem água encanada, ou ao menos calçamento. Para se ter uma idéia ainda mais exata do desafio, os moradores mais antigos contam que nem mesmo existia linha de ônibus que ligasse o bairro ao centro da cidade. [...] Uma vez que a localidade era predominante residencial, sem nenhum tipo de serviço comercial. [...] Tanto para ir ao trabalho como para fazer compras ou utilizar serviços municipais era preciso se deslocar pelo menos 15 quilômetros a pé. Meses depois de sua inauguração uma linha de ônibus foi disponibilizada para atender o recém inaugurado bairro, mas era apenas um ônibus que fazia três viagens por dia. (TERESINA, 2009).
Após 30 anos, as mudanças são visíveis, a infra-estrutura implantada, através da construção dos conjuntos habitacionais e, posteriormente, o surgimento do comércio proporcionou a expansão tanto do bairro Itararé quanto da zona sudeste que hoje conta com inúmeros ônibus coletivos além de linhas alternativas.
No entanto, o Estado continua sendo o principal agente construtor do espaço urbano, juntamente com proprietários fundiários e promotores imobiliários. A zona sudeste é formada por vinte bairros, surgidos em sua maioria de conjuntos habitacionais, vinte e oito vilas e oito loteamentos. Ainda em 1994, a zona sudeste teve seu perímetro urbano ampliado pela Lei n. 2.283 de abril de 1994, pelo acréscimo da área que abrange atualmente os bairros de Cuidos, Santana, VerdeCap, Bom Princípio e parte do atual bairro de Todos os santos, regulamentada através da Lei nº 3.228, de 22 de setembro de 2003, com área urbana de 79,80 km2.



Espaço urbano
O espaço urbano da zona sudeste é formado por bairros, vilas e loteamentos, com uma população média de 122.500. De acordo com a legislação de uso do solo urbano de Teresina se encontra dividida de acordo com o uso prioritário em zonas: comercial; residencial - prioritariamente reservada para uso habitacional, só sendo permitida a presença de comércios de pequeno porte de produtos de primeira necessidade; industrial (terminal de petróleo), uma ZE – zona especial (local da rede de alta tensão), em nenhum caso é permitida qualquer tipo de construção civil, sendo desenvolvido no local o projeto de hortas comunitárias para a geração de renda da população menos abastarda da área, além de uma ZS – zona de serviço. 
Segundo Corrêa (1995), espaço urbano é um reflexo da sociedade, dividido em áreas residenciais segregadas, refletindo a complexa estrutura social em classes, resultados da ação de vários agentes sociais como os proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e grupos sociais excluídos. A ação desses agentes leva a um constante processo reorganização espacial, incluindo a incorporação de novas áreas urbanas e provocando densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, renovação urbana, realocação diferenciada da infra-estrutura e mudanças do conteúdo social e econômico de determinadas áreas.
A separação dos usos em zonas definidas, ou seja, em áreas de comércio, indústrias, residências não representam uma segregação do espaço urbano uma vez que é possível a conciliação entre os diversos usos em uma mesma zona. Porém há algumas restrições, como a necessidade de haver compatibilidade entre o tipo de uso e as características de ocupação, como, por exemplo, comércio em área residencial, só se for de pequeno porte.
A segregação considerada é a que diz respeito à separação entre pessoas mais favorecidas economicamente e as menos abastardas, ou seja, a localização dessas pessoas por diferenças econômicas. As residências da “classe mais alta” se localizam nos bairros centrais como Itararé, Renascença e Parque Ideal, principalmente, na área central dos próprios bairros, uma vez que a periferia destes é formada predominantemente por vilas/favelas. Já a “classe mais baixa” moram tanto nas vilas/favelas quanto na franja da zona nos bairros próximos a zona rural, que apresentam uma precariedade bem maior quanto aos equipamentos urbanos.
Neste caso, como diz Corrêa 1995, a segregação residencial é um processo que se origina em tendência de uma organização espacial em áreas de “forte homogeneidade social interna e de forte disparidade entre elas”, sendo na verdade uma expressão das classes sociais. Ou seja, é uma segregação feita de acordo com a renda, status que as pessoas ocupam na sociedade.
Outro tipo de segregação presente na zona já advindo da questão da renda é o acesso aos serviços urbanos como o de saúde e educação já que nem todos os bairros da zona apresentam ou apresentam em números insuficientes escola ou posto medico, como é o caso do bairro Verde Cap, Parque Poty, Livramento Santana e São Raimundo, entre outros.
Isso é uma tendência que vem desde o tempo do império quando a realeza ocupava os palácios e palacetes e os camponeses se dispunham ao redor do palácio. Assim pode se concluir que como em qualquer lugar do Brasil há segregação devido à condição financeira, pois os “pobres” não têm condições de adquirir imóvel em áreas valorizadas pela implantação de serviços e equipamentos urbanos e, por isso, ficam sujeitos a qualquer tipo de habitação.
 Comércio
O comércio da região apresenta-se de modo consolidado e bem diversificado, sendo que ele proporciona uma dinâmica à economia da região e encontra-se definido em cinco eixos principais: o primeiro e mais importante é o da Avenida Jose Francisco de Almeida Neto, depois o corredor da Rua 90 do Conjunto Dirceu Arcoverde, Rua 91 do Conjunto Dirceu Arco verde, corredor da Avenida Joaquim Nelson, Avenida Noé Mendes e Rua do Mercado, que se localizam ou no Bairro Itararé ou na região deste.
O comércio de varejo se encontra bem difundido pela região através dos estabelecimentos de bebidas, roupas, móveis, eletrodomésticos entre outros. O comércio atacadista da região, por sua vez, se restringe a depósitos de bebida, pronta-entregas e comercial carvalho. Além de serviços de saúde e educação difundidos por toda a região.
Apesar de ser permitida a presença de residências nos eixos comerciais se observa, por exemplo, que na Avenida principal do Dirceu (Avenida Jose Francisco de Almeida Neto) elas estas quase inexistentes, enquanto que em outros eixos como é o caso da Avenida Noé Mendes, há certa proporcionalidade. É percebido ainda que alguns tipos de comércios estão concentrados em algumas áreas o que caracteriza o que se poderia chamar de especialização em alguns comércios ou serviços. É essa especialização do comércio e serviço que caracteriza a dinâmica da região. Assim pode se dizer, ainda, que o bairro Itararé representa a área central da região.
Persiste na região um tipo de comercio que é mais comum em cidades pequenas que são as feiras livres. A região apresenta uma feira livre no Conjunto residencial Dirceu Arcoverde I, realizada aos domingos em frente ao mercado do publico do referido bairro. Nesta feira livre já é característica do Bairro onde a principal mercadoria comercializa são verduras provenientes tanto da Ceapi quanto da Horta comunitária do mesmo. Apresenta um numero relativamente alto de circulação de pessoas. Assim percebe-se que uma mistura entre o comercio tipicamente urbano e um mais característico de cidades pequenas.

Centralidade
Para Corrêa 1995, a área central constitui-se no foco principal não apenas da cidade, mas também de sua hinterlândia. Nela concentra-se as principais atividades comerciais, de serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais e intra-urbanos, a diferença é que, neste caso, a centralidade é referente a um bairro em relação sua região.
No Bairro Itararé encontra-se os mais diversificados serviços de saúde, clínica geral, odontologia, clínica especializada, incluindo uma maternidade (Wall Ferraz), além de serviços bancários, de advocacia (presente na região recentemente) e educação básica e profissional, inclusive privada, e comércios, como as maiores lojas de departamento, Paraíba e City lar, supermercados.
Uma peculiaridade é quanto ao serviço de educação pública que se encontram concentradas em algumas ruas, ou seja, há ruas que apresentam várias escolas dispostas em formas de coluna, é importante ressaltar que a educação profissional e superior estão concentradas no Bairro Itararé, principalmente. E o comércio de materiais de construção civil, que se concentram no eixo da Avenida Noé Mendes e ao mesmo tempo disperso pela área de expansão da zona, ou seja, próximas de bairro ou loteamentos ainda em construção. Assim atende não só a zona como parte da população da zona sul de Teresina.
Outro exemplo de centralidades é o terminal de petróleo existente na região, localizado na BR-343, Avenida Deputado Paulo Ferraz, próximo ao Conjunto Dirceu Arcoverde I, reúne um pool formado por quatro grandes empresas distribuidoras: a Petrobras Distribuidora S/A, a Esso Brasileira de Petróleo, a Chevron Brasil Ltda e a Petróleo Sabba Ltda (HC, 2009). Atende não só Teresina como também todo o Piauí na distribuição de combustíveis.  Bom este seria uma centralidade do Bairro em relação ao restante da cidade de Teresina. Ainda segundo HC:
Apesar do grande movimento diário de caminhões tanques, que saem carregados de combustível para abastecimento da capital e interior do Estado, a área hoje está esburacada de tal forma que está ficando intrafegável. Motoristas e funcionários das empresas vêm reclamando da situação, mas nenhum órgão público ligado ao Governo Federal, Governo do Estado ou município tomou qualquer providência. Funcionários que trabalham no setor alertam para o perigo a situação. Caso ocorra algum acidente e necessite de um deslocamento rápido na área, isso não será possível devido à buraqueira em toda extensão do acesso. (Humberto Coelho, 2009).
                 Zona Sudeste de Teresina
Figura: Expansão do Comércio no Grande Dirceu






3 comentários:

  1. eu tava querendo saber quantos bairros, conjuntos,loteamentos e etc. realmente formam o grande dirceu!

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  2. Bom César essa resposta você encontra no documento da prefeitura de the, Teresina em dados e Teresina em Bairros, dois documentos que permite você acesso essas informaÇões, apesar do artigo se referir a zona sudeste no todo, fizemos a pesquisa de campo no bairro Itararé.

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  3. gostaria de saber como faço para obter informacoes do surgimento dos bairros de teresina.

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“A Geografia não é física nem humana. A Geografia é das humanidades”. Milton Santos